Prudence Kalambay é congolesa, tem 38 anos e chegou ao Brasil em 2008.

Em 2004, após o nascimento de sua primeira filha e aproveitando seu reconhecimento por ter vencido um concurso de Miss, Prudence criou no Congo uma ONG dedicada às mulheres com filhos abandonadas pelos companheiros, algo muito comum em seu país. No entanto, foi obrigada a abandonar seu projeto por problemas políticos, indo se refugiar num país vizinho, onde permaneceu por três anos.

Apaixonou-se pelo Brasil ao assistir uma novela brasileira e, a partir de então, decidiu tentar uma melhor qualidade de vida por aqui.

Chegou grávida, com uma filha pequena, e seus primeiros anos no novo país foram muito difíceis. No início de 2015 sua situação agravou-se. Para não ter que morar na rua, buscou abrigo numa ocupação na República (Centro).

Hoje Prudence tem uma vida mais estabilizada. Faz trabalhos como modelo profissional, dá palestras, participa de eventos, e é muito atuante como porta-voz dos refugiados africanos.

Diz que apesar da integração no Brasil ter sido difícil, tanto por questões econômicas quanto culturais, somos todos filhos da mesma Terra, então sempre acreditou que poderia ter as mesmas oportunidades que qualquer brasileiro.

Quando questionada sobre o que pensa sobre o nosso país, Prudence não hesita: “Amo o Brasil. Não vou pensar em quem me tratou mal, mas nas pessoas que me apoiaram e querem me ver crescer”.

Além de sua filha mais velha, hoje com 17 anos, Prudence teve mais quatro filhos no Brasil.


Jeremie Muzengu Nsau é congolês, tem 23 anos e está no Brasil há dois anos.

Relata que a situação no Congo é de extrema pobreza e que conseguiu através de um intercâmbio entre o Congo e o Brasil uma bolsa de estudos em Belém do Pará, onde fez um curso de português por oito meses.

Mais tarde mudou-se pra São Paulo, onde percebeu que teria melhores condições de trabalho e de vida. Hoje está em busca de um emprego que lhe permita mais estabilidade econômica, para assim poder continuar seus estudos e ajudar a família que ficou no Congo – seus pais e irmãos.


ESTOU REFUGIADO

Feche os olhos por um instante e imagine que por alguma circunstância alheia ao seu controle você foi obrigado a deixar para trás seus entes queridos e está agora em um país estranho, com costumes diferentes, onde não entendem o que você fala e você também não entende o que tentam lhe dizer. Assustador, não?

Agora, abra os olhos e experimente enxergar o que está em torno de você. É possível que nos últimos dias pelo menos um refugiado tenha atravessado o seu caminho. Atualmente, eles já são mais de 87 mil, espalhados por todo o país, mas principalmente nas grandes cidades. Talvez o surpreenda saber que, em sua maioria, têm boa qualificação profissional. Eles vieram para cá porque estavam ameaçados de morte, envolvidos contra a vontade em guerras civis ou lutas religiosas.

Para os refugiados, o Brasil é a Terra da Vida, a Terra da Liberdade. Cabe a nós fazer com que sintam que é também a Terra da Dignidade.

O Estou Refugiado nasceu da convicção de que a questão dos refugiados está envolta em uma densa nuvem de desinformação e preconceito. Você está convidado a se juntar a nós para dar voz, visibilidade e dignidade a esse enorme contingente de pessoas que precisam muito do nosso apoio e da nossa compreensão.

Acesse www.estourefugiado.com.br e conheça mais a ONG.


AGRADECIMENTOS

Unibes Cultural, que generosamente cedeu seu espaço para este ensaio, por ter como uma das suas missões o apoio aos refugiados.


CRÉDITOS

Fotos: Sergio de Paula @sergiopj

Produção: Ju Hirschmann @juhirschmann

Beauty: Drika Lopes @drika_llopes


Feminino

Looks : Flaminga @flaminga

Acessórios: Eudoxia @meudoxia


Masculino

Looks: QG Van Nobre, Minha Avó Tinha, Tijama